segunda-feira, 21 de junho de 2010

Velhos tempos


O interesse do texto que a seguir se transcreve, é enorme se atendermos ao valor que tem como testemunho de um tempo que, hoje, pode parecer de outro mundo, para aqueles que têm menos de trinta anos. Era assim a vida das gerações anteriores. O texto testemunha um tempo em que nas famílias havia consideração, solidariedade e muito afecto entre os mais novos e os mais velhos. O egoísmo que hoje parece predominar, era a excepção e indicava a má índole de quem o adoptava como regra de comportamento.
Com a devida vénia aqui publico uma parte do texto que pode ser lido na íntegra, aqui.

" Era um céu alto, sem resposta, cor de frio, aquele que um dia olhei quando foi necessário decidir se ia ou não para o liceu, por ter terminado a escola primária. Eu queria e não queria ir. Queria, porque desejava muito continuar a estudar, visto ser bom aluno e pretender, no futuro, alcançar uma carreira de que muito gostava, ser professor. Por outro lado, não queria continuar a estudar, para não tornar mais pesada a vida de meus pais que, coitados, mal ganhavam para comer e que, com o meu ingresso no liceu, que distava alguns quilómetros da minha aldeia, não lhes chegaria o dinheiro para matar a fome.
E, como o céu não respondeu tive de decidir. Resolvi não ingressar no liceu, porque as portas estavam fechada, para mim e para outros como eu, devido aos malefícios da injusta sociedade fascista que, da insuficiência de subsistência não nos livrava..."
( Texto publicado no Blog Alcino Cirilo, Domingo, 13 de Junho de 2010)

Quantas foram as vidas adiadas? Quantos foram os projectos de vida que abortaram em nome de uma visão absurda, cega, fora do tempo e da razão, a que chamavam estupidamente Pátria e que mais não era do que a cruz onde crucificavam os seus concidadãos?
E quantos, ainda hoje, rezam pelo mesmo livro?
Malditos os que agem contra o que deve ser o justo entendimento das coisas!

1 comentário:

  1. Só hoje, dia 13 de Maio de 2013, tive acesso ao presente artigo e quero expressar o meu agradecimento pela sua sensibilidade na apreciação daquilo que escrevi no meu blog e que transcreveu.Bem haja.
    Alcino Cirilo.

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