Aparecem por vezes, a nível local, indivíduos que, embora não tenham grande formação, são de tal modo empenhados em encontrar soluções para os problemas que acabam por fazer um tipo de administração bastante aceitável. Embora lhes falte capacidade para grandes voos, são capazes de ouvir conselhos e opiniões de gente melhor preparada e assim vão aprendendo com a prática. Sobra-lhes em bom senso e vontade de aprender aquilo que lhes falta em formação.
Mas, o que mais abunda na política autárquica são os casos que poderemos classificar como "manipuladores". Estes, à falta de preparação, junta a falta de carácter que os leva a assumirem uma total falta de sentido do dever. Agem por simples instinto de sobrevivência e são capazes de recorrer a todos os truques e habilidades para conquistarem e garantirem a posse do poder. Infelizmente são, na maior parte dos casos, indivíduos com uma grande capacidade de convencer, o que lhes dá uma grande margem de manobra para agirem em terras mais deprimidas e empobrecidas do ponto de vista cultural, que são ao mesmo tempo as que estão menos preparadas para fazerem as escolhas mais convenientes e mais acertadas.
Uma outra maneira de fazer política, que é infelizmente a mais rara, é a que é feita por verdadeiros gestores. Estes são indivíduos com boa formação, empenhados na execução de projectos bem pensados e bem geridos. Mesmo quando esses gestores não têm grande experiência, são contudo atentos e capazes de se adaptarem rapidamente à sua função. Tendem, contudo, a não permanecerem por muito tempo no mesmo cargo porque a sua competência acaba por lhes dar visibilidade e isso leva-os ao desempenho de novas e maiores responsabilidades, ao encontro de desafios cada vez maiores e motivadores.
Assim sendo, as terras que mais precisavam de gestores de qualidade são aquelas que estão condenadas a ser geridas pelos menos competentes.
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