João Salgueiro, em declarações feitas há dias atrás, dizia que procurava não se aproximar muito dos homens e mulheres que estão no poder, porque o poder os torna arrogantes. Estranha declaração para um homem que andou sempre tão próximo das margens do poder e que chegou mesmo a assumir o cargo de ministro durante algum tempo.
Penso que a frase peca por demasiado restritiva. O poder altera o carácter de quase todos os que o exercem, provocando neles desvios de comportamento que dependem da ocasião e das circunstâncias em que têm de exercer esse mesmo poder. A uns torna-os arrogantes, a outros prepotentes e, há mesmo, os que chegam ao extremo de degeneração em que se tornam corruptos.
Tem isto a ver com a preocupação que me trás angustiado e que se refere a alguém que sendo meu amigo desde sempre, me apetece cada vez menos procurar porque sinto que temos cada vez menos para conversarmos. Sei que sempre foi alvoroçado, falador em excesso e pouco dado a reflexão profunda das coisas que tinha que resolver. Mas, agora tornou-se inchado de vaidade, julgando que o cargo que exerce o tornou o homem inteligente, competente e sabedor que sempre tinha desejado ser.
É triste ver um amigo degenerar desta maneira. Como dizer-lhe que comete erros se os que o rodeiam e que ele gosta de ouvir, passam o tempo a dizer-lhe que ele é o maior e que é bom tudo o que vai fazendo?
Como dizer a este amigo que o poder é transitório e que quando o largar, se verá só e desamparado. Temos exemplos recentes disso. Os caídos são abandonados por aqueles que antes os louvavam.
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