Pega-se no jornal e lê-se sem surpresa coisas que, embora extraordinárias, a elas estamos tão habituados que já nem conseguem causar-nos espanto. Ou seja, estamos carentes de tudo. Estamos aflitos com as contas do Estado que não param de agravar o seu desequilíbrio, o desemprego não pára de crescer, cada um de nós tem cada vez menos para pagar os compromissos que temos de assumir.
Apesar disto, somos informados de que se gastam montanhas de dinheiro em coisas de oportunidade e de necessidade mais do que discutíveis.
O jornal de há dias trazia estes mimos como exemplo:
- O Turismo dos Açores terá pago 1,5 milhão de euros a uma empresa pela organização das "7 Maravilhas Naturais de Portugal";
- Uma empresa de consultadoria recebeu um milhão de euros do Estado e ocorre-nos perguntar - para quê?
- O primeiro-ministro fez um contrato de 63 mil euros com uma empresa que fornece arranjos florais;
- A ida de uma comitiva portuguesa à 53ª Bienal de Artes de Veneza terá custado uma avultada quantia, a avaliar pelo preço de um único jantar num hotel de luxo que custou 13.500 euros;
- A RTP, empresa pública, gastou mais de 50 mil euros em agendas e brindes e igual quantia gastou a Casa Pia para o mesmo efeito.
A lista peca por defeito porque estes casos são apenas uma minoria dos que vão acontecendo e nem sequer são dos mais graves. Mas ocorre-nos pensar: isto que se passa a nível do estado central, como decorre a nível das autarquias?
Nós que por aqui vamos vivendo, sabemos os exageros em gastos supérfluos ou de legitimidade discutível que por todo o lado se praticam.
Quem viesse de fora e visse isto, poderia acreditar que estamos mergulhados num ponto alto de uma grave crise?
E se cada um de nós, a nível local, começasse a tomar nota dos casos de despesismo inútil a que vai assistindo?
A vigilância é uma forma muito importante de controlo democrático.
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