As Festas do Povo de Campo Maior são também festas para o povo de Campo Maior. Isto que parece um jogo de palavras, contém uma verdade que é preciso tomar em consideração. Porque as Festas trazem sempre grandes encargos para a maior parte da população desta vila. Todos sabemos que, para além do esforço que envolvem, as Festas implicam sempre gastos pesados para orçamentos de boa parte das famílias. Ora, na situação actual, muitas dessas famílias estão em muito más condições para suportarem esses encargos. Todos sabemos, porque assim é costume, que as casas se enchem de visitas que se instalam e que é preciso sustentar. É isso que exige o tradicional hábito de bem receber.
Tomando isto em consideração, cabe perguntar se estamos em condições de nos abalançarmos neste momento para semelhante iniciativa. Os que passam o tempo a clamar que as Festas são quando o povo quer, são os que menos se preocupam em saber se o povo as quer verdadeiramente neste momento. Não conheço qualquer sondagem séria que permita confirmar essa vontade. Tudo o que foi feito peca pelas fracas condições que não reflectem a vontade da maioria das pessoas. Sim, porque não me venham convencer que aquela "sondagem" feita durante a feira de Agosto, tem qualquer credibilidade. Eu, podia perfeitamente ter posto lá uma quantidade de papéis, bastava que lá colocasse um de cada vez que lá passava. É preciso cuidado com certas afirmações. Porque não basta escrevê-las num qualquer panfleto para passarem a ser verdades.
Outra questão que se impõe é a seguinte: a Câmara Municipal está, ela própria, nas melhores condições para realizar tão ambicioso evento?
Foi feita uma análise ponderada dos erros cometidos em 2004 e estão bem pensadas as soluções para evitar que esses erros se repitam?
Manda a prudência popular não dar passos para além do alcance das pernas. E diz-se também que nunca é demais prevenir porque essa é a melhor forma de não ter de remediar.
Eu, por mim, adoro as Festas e gostaria que elas se realizassem. Mas seria para mim um grande choque se elas fosse um fracasso ou um agravamento tal dos nossos problemas que viessem a pôr em risco o futuro das próprias Festas e da nossa comunidade.
Tenho para mim que se as Festas devem ser feitas quando o povo quer, acima de tudo, devemos pensar que elas devem ser feitas quando o povo pode.
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